terça-feira, 3 de maio de 2011

DO ARGANA A ISLAMABAD

Mesquita Faisal, Islamabad

Parece que morreu o Bin Laden. Lá para os lados de Islamabad. Ainda não há muito tempo me lembrei dele, a propósito de um sítio onde tomei café aqui há uns meses, o Café Argana. Era bom o café por lá, e era um excelente ponto de encontro na praça Jemna-el-Fna. Felizmente não passei da esplanada e ainda hoje pensei que provavelmente levava com uns tabiques e uns pedaços de trave na moleirinha se aquilo acontecesse naquela altura. Provavelmente safava-me, dependendo do tamanho dos pedaços de trave.
A verdade é que o mundo parece ter-se livrado de um pesadelo. O homem não era boa rês. Quanto aos americanos, sentem agora um enorme alívio. Fazem a festa. Sendo discutível que o motivo de uma festa possa ser uma morte, eu compreendo bem o sentimento americano. É a vingança de um dia tristemente recordado de Setembro. E quem não se sente não é filho de boa gente, diz o ditado. Mas não será só o cumprir de uma promessa, o concretizar de uma vingança que satisfaz os americanos. Melhor, o povo estará por essas paragens dialécticas.
O Governo americano sentirá, antes de mais, um enorme alívio. Finalmente conseguem tapar um enorme buraco no chão da sala de estar. Um elefante a entrar numa loja de porcelanas. Um homem que foi apoiado no passado pela própria administração americana, treinado pelas suas forças especiais, para combater os russos. Um pouco à imagem de Israel com o Hamas, que ainda hoje chorou a morte do monstro, demonstrando não ser melhor que ele em nada. Voltando aos americanos, o desvelar desta novela rocambolesca que se tornou a caça ao Osama, vem com mais um problema.
E o problema, para além das possíveis consequências que terá a morte do líder da Al Qaeda, que por certo se pretenderá (por eles) vingada, é mais um imbróglio interessante da política externa americana, desta feita com os paquistaneses. O Paquistão foi apoiado, financiado, suportado pelos americanos para se tornarem seus aliados. Mas aparentemente pouco fizeram para capturar Bin Laden, que se escondia a escassos metros de uma Academia Militar paquistanesa. Ainda por provar, mas se provada, a duplicidade do jogo dos paquistaneses deixa novamente os americanos em xeque. Não porque tenham sequer culpa disso. Antes porque conseguiram perceber onde se escondia Bin Laden, mas não conseguiram perceber onde está a lealdade paquistanesa. Tal como há vinte anos, com Bin Laden.
Por esta altura, em Nova Deli, alguém deve estar ao telefone com Barack Obama a gritar: “I told you so! I told you so!”

9 comentários:

  1. Não sei se com essa história de o Paquistão ter apoiado os movimentos de OBL não estão apenas a precaver vinganças futuras da Al-Qaeda que não se tem escusado de vitimar gente no país. Acho que é apenas isso, contra-informação para que não sejam vistos como os ajudantes dos EUA. Digo isto porque duvido que se estivessem a ser enganados o admitissem assim tão facilmente à laia de anjinhos papa-grupos.

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  2. Paquistanisem-se... E depois queixem-se! Mas devo dizer que não tenho pena que comam com traições e outras coisas mais...Criam cobras, sintam-lhes as mordidelas! Só lamento que sobre para quem não tem culpas.

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  3. Eu acho que o Mundo ficou um lugar ainda mais perigoso com a "morte" do Bin... (e eu que já estava quase convencida que Marraquexe era um bom sítio para visitar)

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  4. Malena, invariavelmente os EUA fizeram isso e sempre se safaram mais ou menos incólumes. Só que desta vez o povo pagou os erros da sua administração.

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  5. Pronúncia, um atentado pode ocorrer em qualquer lado, em qualquer lugar. Tomei café no Argana, mas podia ter optado por qualquer outro menos carismático. Marraquexe é uma cidade que vale a pensa mesmo visitar.

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  6. Gostava sobretudo de dizer que tenho muita inveja dessas tuas viagens pelos Países Árabes. Sempre achei que muito do adn Português é Árabe.
    Forte abraço

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  7. Garcia, isso nota-se mais in loco...

    ;)

    Abraço.

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  8. Cirrus: ontem, comentei este seu post. É possível que ainda o não tenha aprovado.Espero mais um dia, para ver se se perdeu...
    Abraço
    Mª ELISA

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  9. Maria, não deve ter gravado a sua resposta.

    Não tenho nem verificação de palavras nem aprovação de comentários... Mas gostaria de saber o que pensa.

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