Porque a democracia é assim mesmo. O indivíduo que luta contra uma ditadura tem muitas dificuldades, mas já experimentaram lutar contra uma democracia? Tem muito mais graça e mais dificuldades também.
A democracia, ao nível social, permite que todos possamos lançar torpedos uns aos outros sem que alguém controle ou necessariamente tenha algo a ver com isso. Daí o título do post - contratorpedeiro, que é o que por vezes temos de ser se não queremos ser constantemente subjugados pelo "socialmente aceite", "politicamente correcto", "eticamente vantajoso" e outras expressões usadas para as mais variadas situações do dia-a-dia, que não querem dizer mais do que "o Big Brother está-te a ver!".
Pois é. Um dia destes, num Centro Comercial perto de minha casa, aconteceu-me uma gira. Andei por ali a fazer umas compritas lá para casa, e, a páginas tantas, a minha mulher deu-se conta que a hora ia adiantada. Resolvemos jantar num dos botecos do Centro Comercial. Chegada a hora do café, levantamo-nos e resolvemos tomar café sentados na zona para fumadores do Centro Comercial. Actualmente, esta zona é fechada ao exterior, mas na altura era aberta, com aspiração independente.
Nada mais normal, uma vez que eu sou fumador e a minha mulher é fumadora. Não querendo incomodar ninguém, decidi levar os cafés para uma dessas mesas manhosas tipo refeitório da prisa que por ali abundavam. Já sentados, puxamos ambos por um cigarro (um para cada um, bem entendido), acendemos e beberricamos o café.
Ao lado, uma menina de tenra idade, a rondar os seus belos 20 anos, abanava a mão à frente da cara, enquanto mordiscava uma sandocha e me olhava de soslaio com desprezo. Fiquei algo surpreendido. E algo incomodado. Não resistindo mais, a moça interpelou-me:
-Podia ter a amabilidade de apagar o cigarro?
-Não - respondi.
Ficamos num impasse comunicativo. Ela continuava a mordiscar a sandocha, eu a beberricar o café, a minha mulher a olhar de soslaio para mim com cara de divertimento infantil. Desta vez não resisti eu e interpelei-a:
-Desculpe, mas se a incomodamos tanto com o fumo, porque razão veio para aqui comer se tem tantos lugares vagos na secção de não fumadores?
Apontando para a colega que tinha à frente, respondeu-me prontamente:
-Acha que tenho culpa de a minha colega ser fumadora?
Pus-me a cogitar. Grande resposta, sim senhor, por esta não esperavas tu! A minha mulher não me deu tempo para responder. Respondeu ela:
-E acha que somos nós os culpados de a sua colega ser fumadora? Podia pôr-se a andar, que me está a incomodar com os seus gestos ofensivos?
As mulheres têm jeito para os torpedos. E para se esquivarem deles, também.
A democracia, ao nível social, permite que todos possamos lançar torpedos uns aos outros sem que alguém controle ou necessariamente tenha algo a ver com isso. Daí o título do post - contratorpedeiro, que é o que por vezes temos de ser se não queremos ser constantemente subjugados pelo "socialmente aceite", "politicamente correcto", "eticamente vantajoso" e outras expressões usadas para as mais variadas situações do dia-a-dia, que não querem dizer mais do que "o Big Brother está-te a ver!".
Pois é. Um dia destes, num Centro Comercial perto de minha casa, aconteceu-me uma gira. Andei por ali a fazer umas compritas lá para casa, e, a páginas tantas, a minha mulher deu-se conta que a hora ia adiantada. Resolvemos jantar num dos botecos do Centro Comercial. Chegada a hora do café, levantamo-nos e resolvemos tomar café sentados na zona para fumadores do Centro Comercial. Actualmente, esta zona é fechada ao exterior, mas na altura era aberta, com aspiração independente.
Nada mais normal, uma vez que eu sou fumador e a minha mulher é fumadora. Não querendo incomodar ninguém, decidi levar os cafés para uma dessas mesas manhosas tipo refeitório da prisa que por ali abundavam. Já sentados, puxamos ambos por um cigarro (um para cada um, bem entendido), acendemos e beberricamos o café.
Ao lado, uma menina de tenra idade, a rondar os seus belos 20 anos, abanava a mão à frente da cara, enquanto mordiscava uma sandocha e me olhava de soslaio com desprezo. Fiquei algo surpreendido. E algo incomodado. Não resistindo mais, a moça interpelou-me:
-Podia ter a amabilidade de apagar o cigarro?
-Não - respondi.
Ficamos num impasse comunicativo. Ela continuava a mordiscar a sandocha, eu a beberricar o café, a minha mulher a olhar de soslaio para mim com cara de divertimento infantil. Desta vez não resisti eu e interpelei-a:
-Desculpe, mas se a incomodamos tanto com o fumo, porque razão veio para aqui comer se tem tantos lugares vagos na secção de não fumadores?
Apontando para a colega que tinha à frente, respondeu-me prontamente:
-Acha que tenho culpa de a minha colega ser fumadora?
Pus-me a cogitar. Grande resposta, sim senhor, por esta não esperavas tu! A minha mulher não me deu tempo para responder. Respondeu ela:
-E acha que somos nós os culpados de a sua colega ser fumadora? Podia pôr-se a andar, que me está a incomodar com os seus gestos ofensivos?
As mulheres têm jeito para os torpedos. E para se esquivarem deles, também.
Tenho lido os seus comentários no Blog do Kaos, já tinha tentado perceber se tinha um blog seu. Vejo agora que já existe e que é deste ano . Apesar de não concordar com algumas coisas que diz, concordo com muitas mais e gosto de ler a forma de abordagem dos assuntos, por isso deixo-lhe aqui os meus cumprimentos e felicidades para si e para o seu blog. Um Bem-haja
ResponderEliminarMuito obrigado, tentarei não defraudar as suas discordâncias (ou concordâncias).
ResponderEliminarUm abraço.